O Reino de Atlântis - Mitologia Grega

Author: Luiza / Marcadores: , , , , ,


  Clito, uma jovem e bela órfã vivia sozinha numa grande ilha perdida no oceano, bem além das Colunas de Hércules (nome que os gregos davam ao Estreito de Gibraltar). Havia algumas luas que ela chorava tanto, lágrimas tão copiosas e quentes, que Posêidon, o deus do mar, se comoveu com sua tristeza. Aproximou-se discretamente e achou Clito tão sedutora que na mesma hora resolveu se casar com ela. A bela e jovem órfã aceitou a companhia do deus sem hesitar, e os dois se instalaram numa colina que dominava o mar. Mas Posêidon achou o lugar muito banal e sem conforto, e logo resolveu fazer uma boa reforma e modificar o aspecto da moradia. Com a energia que um deus é capaz de ter quando se apaixona, ele começou a cavar dia e noite no flanco da montanha, cortou a rocha, deslocou rochedos enormes... Trabalhou tanto que no nono dia a ilha estava irreconhecível: ele a cercara de uma muralha perfeitamente circular que protegia os dois apaixonados dos olhares indiscretos e dos ataques de aventureiros. Para aperfeiçoar ainda mais seu sistema de defesa. Posêidon cavou também dois fossos profundos, preenchidos pela água do mar e separados por muralhas altas. No total, dois largos anéis de água e três muralhas sucessivas protegiam o novo domínio do deus e sua esposa. A prodigiosa ilha de Atlântis tomava forma.


  Para viver nela mais á vontade, Posêidon fez com que jorrassem duas fontes abundantes e claras: uma quente, para as abluções, outra fresca, para beber e fertilizar os jardins.


  Posêidon e Clito viveram dias felizes nesse lugar, saboreando seu amor e concebendo numerosos filhos. O casal, que não fazia nada pela metade, de cada vez tinha gêmeos e, ao todo, totalizou cinco pares de crianças. Todos os dez eram meninos, e o primogênito deles foi chamado de Atlas. Quando cresceram, os rapazes se aborreciam muito em Atlântis. Por isso, partiram numa expedição e trouxeram na volta várias moças, as quais deram numerosos bebês. Assim nasceram os primeiros atlantes, ativos e inteligentes, que cuidavam metodicamente de sua ilha. Todos embelezavam as instalações e as contemplavam. Em pouco tempo, um grande canal fechado por portas gigantescas permitia que poderosas trirremes atravessassem as duas primeiras muralhas e tivessem acesso à ilha central, onde as embarcações se abrigavam no fundo de grutas cavadas na pedra. Pontes fortificadas permitiam que se passasse facilmente de um  anel a outro. No centro de Atlântis, sobre a acrópole de mármore, os atlantes edificaram magníficos palácios de pedra branca, preta ou vermelha. As muralhas formam revestidas de metais: bronze na primeira, estanho na segunda e um metal fulgurante chamado oricalco na terceira. No centro da cidade, foi erguido um templo em honra de Clito e Posêidon, seus antepassados. Inviolável e protegido por um paredão, ele dominava toda a ilha, faiscante ao sol. Sóbrios e trabalhadores, os atlantes foram excelentes marinheiros, cultivadores talentosos e guerreiros temíveis. Infelizmente, pouco a pouco, à medida que foram enriquecendo muito, lançaram-se a conquistas longíquas, a pilhagens, a uma vida de prazeres e farra. Zeus, que os vigiava discretamente lá do alto do Olimpo, ficou muito irritado. Acabou se zangando! Terrivelmente encolerizado, resolveu punir aqueles orgulhosos que tinham esquecido qualquer sentido de moral. Um dia, provocou um gigantesco terremoto, acompanhado de uma subida de maré tão forte, que se formou uma onda altíssima que passou por cima das três fileiras de muralhas e carregou tudo o que estava no caminho... Desde essa época, em alguma parte sob as águas do oceano, dormem as ruínas da brilhante Atlântis.


Fonte: livro Terras de Mistério - Mitos e Lendas, por Gilles Ragache e Michael Welply
Editora Ática.

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