Origens da Celebração do Natal

Author: Luiza / Marcadores: , , , , ,

                                        


      A origem do Natal vem de dois feriados pagãos: o feriado Escandinavo Yule (Ciclo do Ano) e o feriado Romano Saturnália. O Yule também é relacionado às danças de roda, que simbolizavam a predição universal do mundo, onde o finito e o infinito agiam como um todo.

   Sabbaths são feriados que representam os 8 ciclos do ano, eles são: Yule, Imbolc, Ostara, Beltane, Litha, Lammas, Mabon e Samhain, que fazem parte do calendário Celta graças aos antigos noruegueses. O Yule é um dos mais antigos entre eles, um feriado de fogo que representa o calor, celebrado durante o solstício de inverno, e apesar de cair no dia mais curto do ano, e de o sol estar em seu ponto mais baixo, marca a Festa da Luz, representando o princípio de um novo ciclo, tornando mais aparente a juventude e a força do Sol.


   

O Yule


 Altnordisches Julfest - Ferdinand Lindner (1880)


O Yule era celebrado a partir do dia 21 de dezembro (A Noite Materna)  até o dia 1 de janeiro (Noite do Yule), que corresponde aos 12 dias de Natal, e terminava com a queima de toras de madeira.

   Os Escandinavos disseminaram suas crenças entre os povos Celtas. As casas eram decoradas com hera ou coroas de visco, velas eram acendidas para enchê-las de luz e festas eram dadas para celebrar o nascimento do novo Sol. O prato ritualístico das festas era cabeça de javali, apenas os mais virtuosos eram permitidos cortar a cabeça sagrada. Após a refeição, as pessoas saíam de casa com tochas nas mãos, acendiam uma fogueira, e dançavam em roda de mãos dadas ao som de gaitas-de-fole. 

   O visco era uma planta de extrema importância na mitologia celta e escandinava. É uma das poucas plantas que nascem nos meses frios de inverno na região que hoje é a Grã-Bretanha. Até 200 anos antes do nascimento de Cristo, os Druidas tinham o visco como uma planta sagrada, e era um atributo essencial para o ciclo dos feriados de inverno. Os Celtas acreditavam que o visco tinha poderes mágicos de cura e o usavam como defesa contra os maus espíritos. O visco perene era para os Celtas um símbolo de vida e renascimento, um protótipo do que hoje em dia temos como árvore de Natal. Os Romanos tinham o visco como um símbolo de paz e amizade. De acordo com a lenda, os inimigos que se encontravam debaixo de um visgo logo faziam as pazes. 

   Uma das características da celebração do Yule era a queima de madeira, costume que foi aos poucos se disseminando pela Europa. Cada país usava um tipo específico de madeira: na Inglaterra, o carvalho; na Escócia, bétula; na França, a cerejeira; nos países Escandinavos, o freixo, árvore que simboliza a Vida. As cinzas da madeira queimada eram frequentemente jogadas nos tetos das casas.

   Os escoceses, que durante muitos anos estiveram sob o domínio dos vikings, herdaram o costume de queimar uma grande tora de madeira no dia do Solstício de Inverno por conta da influência escandinava. Outro costume antigo escocês tinha relação com o culto ao fogo: os convidados iam até a residência do anfitrião e jogavam um pedaço de carvão na lareira e desejavam que o fogo, símbolo de vida e prosperidade, nunca abandonasse aquela casa. Em alguns lugares da Escócia, eram deixados sob a mesa talheres, queijo e pão como oferenda para a deusa pagã Yola.



O Saturnália


Saturnalia, Antoine Callet (1783)


   As tradições que compõem o feriado da deusa Yola são similares às tradições de um antigo feriado romano: o Saturnalia, culto ao deus Saturno, um dos deuses supremos da mitologia Romana, que corresponde ao deus Chronos (em grego, Χρόνος, que significa “tempo”) na mitologia Grega.

   Hesíodo, um antigo poeta grego, escreveu que o Caos é o pai do tempo. Antes da chegada do tempo, o espaço começou a ascender. O ano velho morria, tornando-se passado perante nossos olhos. Do caos do ano passado, um ano novo nasceu, e junto com ele uma nova ordem.

   O festival de Saturnália durava do dia 17 ao dia 25 de dezembro. Os povos pagãos acreditavam que entre os últimos dias do último mês do ano era a data do nascimento do Sol, e da derrota das trevas. Na Roma Antiga, o festival de Saturnália era celebrado como uma grande festa de carnaval, banquetes e danças. Casas e igrejas eram decoradas com azevinho, louro, alecrim, hera, e às vezes visco, que era difícil de ser achado na região. Pessoas mais ricas presenteavam as mais pobres em memória da era dourada da liberdade e justiça, quando o deus Saturno governava o mundo. Era comemorado com muita bebedeira e devassidão, simbolizando a completa decomposição de espiritualidade e moralidade na véspera do nascimento do Novo e invencível Sol. O festival de Saturnália se espalhou por vários países da Europa, inclusive a Inglaterra.


Como virou uma festa cristã


   Na medida em que o cristianismo se estabelecia na Europa, líderes da igreja Católica tentavam abolir as tradições pagãs, porém é interessante notar que nos antigos sermões católicos, Jesus Cristo era chamado de “Sol da Verdade”, ou “Sol da Justiça”, o que indiretamente indica que nos primórdios do catolicismo as igrejas ainda estavam conectadas aos costumes que seus próprios líderes diziam “pagãos”.

   A igreja católica se opunha aos ritos pagãos, tão fortemente enraizados na cultura europeia. Após séculos de prática dessas tradições, era impossível se livrar delas, portanto, por volta do século IX a igreja “adaptou” os festivais de Yule e Saturnalia para o que hoje em dia chamamos de Natal, dando simbolismos cristãos às práticas pagãs.





Fonte:


ALLA VICTOROVNA, Sokolova. Christmas Traditions Through the Prism of Paganism and Christianity. European Journal of Humanities and Social Sciences. Viena, 2020. Disponível em: <European-Journal-of-Humanities-and-Social-Sciences.pdf (researchgate.net)> . Acesso em 21 de dezembro de 2021.