O Reino de Atlântis - Mitologia Grega

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  Clito, uma jovem e bela órfã vivia sozinha numa grande ilha perdida no oceano, bem além das Colunas de Hércules (nome que os gregos davam ao Estreito de Gibraltar). Havia algumas luas que ela chorava tanto, lágrimas tão copiosas e quentes, que Posêidon, o deus do mar, se comoveu com sua tristeza. Aproximou-se discretamente e achou Clito tão sedutora que na mesma hora resolveu se casar com ela. A bela e jovem órfã aceitou a companhia do deus sem hesitar, e os dois se instalaram numa colina que dominava o mar. Mas Posêidon achou o lugar muito banal e sem conforto, e logo resolveu fazer uma boa reforma e modificar o aspecto da moradia. Com a energia que um deus é capaz de ter quando se apaixona, ele começou a cavar dia e noite no flanco da montanha, cortou a rocha, deslocou rochedos enormes... Trabalhou tanto que no nono dia a ilha estava irreconhecível: ele a cercara de uma muralha perfeitamente circular que protegia os dois apaixonados dos olhares indiscretos e dos ataques de aventureiros. Para aperfeiçoar ainda mais seu sistema de defesa. Posêidon cavou também dois fossos profundos, preenchidos pela água do mar e separados por muralhas altas. No total, dois largos anéis de água e três muralhas sucessivas protegiam o novo domínio do deus e sua esposa. A prodigiosa ilha de Atlântis tomava forma.


  Para viver nela mais á vontade, Posêidon fez com que jorrassem duas fontes abundantes e claras: uma quente, para as abluções, outra fresca, para beber e fertilizar os jardins.


  Posêidon e Clito viveram dias felizes nesse lugar, saboreando seu amor e concebendo numerosos filhos. O casal, que não fazia nada pela metade, de cada vez tinha gêmeos e, ao todo, totalizou cinco pares de crianças. Todos os dez eram meninos, e o primogênito deles foi chamado de Atlas. Quando cresceram, os rapazes se aborreciam muito em Atlântis. Por isso, partiram numa expedição e trouxeram na volta várias moças, as quais deram numerosos bebês. Assim nasceram os primeiros atlantes, ativos e inteligentes, que cuidavam metodicamente de sua ilha. Todos embelezavam as instalações e as contemplavam. Em pouco tempo, um grande canal fechado por portas gigantescas permitia que poderosas trirremes atravessassem as duas primeiras muralhas e tivessem acesso à ilha central, onde as embarcações se abrigavam no fundo de grutas cavadas na pedra. Pontes fortificadas permitiam que se passasse facilmente de um  anel a outro. No centro de Atlântis, sobre a acrópole de mármore, os atlantes edificaram magníficos palácios de pedra branca, preta ou vermelha. As muralhas formam revestidas de metais: bronze na primeira, estanho na segunda e um metal fulgurante chamado oricalco na terceira. No centro da cidade, foi erguido um templo em honra de Clito e Posêidon, seus antepassados. Inviolável e protegido por um paredão, ele dominava toda a ilha, faiscante ao sol. Sóbrios e trabalhadores, os atlantes foram excelentes marinheiros, cultivadores talentosos e guerreiros temíveis. Infelizmente, pouco a pouco, à medida que foram enriquecendo muito, lançaram-se a conquistas longíquas, a pilhagens, a uma vida de prazeres e farra. Zeus, que os vigiava discretamente lá do alto do Olimpo, ficou muito irritado. Acabou se zangando! Terrivelmente encolerizado, resolveu punir aqueles orgulhosos que tinham esquecido qualquer sentido de moral. Um dia, provocou um gigantesco terremoto, acompanhado de uma subida de maré tão forte, que se formou uma onda altíssima que passou por cima das três fileiras de muralhas e carregou tudo o que estava no caminho... Desde essa época, em alguma parte sob as águas do oceano, dormem as ruínas da brilhante Atlântis.


Fonte: livro Terras de Mistério - Mitos e Lendas, por Gilles Ragache e Michael Welply
Editora Ática.

Ginlê, o reino dos Elfos - Mitologia Escandinava

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  Três noites antes, o jovem Bjorn tinha visto de longe um grupo de Elfos dançando ao luar. Tinha certeza! Fora numa clareira, numa bela noite de verão, quando ele se perdera na grande Floresta do Norte. E, desde então, Bjorn a toda hora pensava nisso. Finalmente, para desabafar, perguntou ao pai onde poderiam viver aqueles seres da noite.
  O guerreiro hesitou, franziu a testa e respondeu sério:
 - Eles moram muito longe daqui, num país de onde nunca ninguém volta... Não perca tempo pensando nisso!
 - Mas onde fica esse país? - insistiu Bjorn.
  De modo claro e definitivo, o pai se recusou a responder:
 - Tire isso da cabeça! Para que saber? É perigoso se aventurar por aquelas bandas...
 - Então me diga, pelo menos, o nome do reino dos Elfos!
 - É Ginlê! Mas prometa que você jamais vai se meter a ir lá...
  Bjorn prometeu, sem hesitar. Mas tinha muita vontade de saber mais sobre aquele lugar. Mas tinha muita vontade de saber mais sobre aquele lugar. Como poderia ser Ginlê? E onde estava escondido? Para responder a essas perguntas, Bjorn teve uma ideia: ia procurar o avô! O velho vivia numa aldeia isolada, do outro lado das montanhas. Bjorn partiu para lá e, no dia seguinte, ao anoitecer, estava discutindo com um velho de barba branca e imensos olhos cinzentos. Feliz por rever Bjorn, o avô lhe ofereceu uma tijela de leite de cabra e três maçãs cheirosas.
  Bjorn fez sua pergunta. O velho marujo havia navegado por todos os mares do mundo e vivido muitas aventuras. Nada o espantava, mas, antes de responder, mastigou umas nozes e atiçou o fogo, pensativo.
 - Seu pai tem razão, Ginlê fica muito longe... É inacessível aos homens. Fica no coração de Bidlainn, o terceiro céu!
 - O terceiro céu?
 - É! A tempestade sopra no primeiro céu, bem em cima de nossas cabeças, onde correm as nuvens. O segundo, azul e cinza, fica bem em cima do primeiro. Só Yggdrasil* pode atravessá-lo. E o terceiro fica ainda mais em cima, no eixo da ponta de Yggdrasil, bem perto do Sol... É azul bem intenso. É o domínio da Luz!
  Bjorn não esperava essa resposta, mas sua curiosidade ficou ainda maior, e ele logo perguntou com que podia se parecer essa morada dos Elfos.
 - A uma grande construção de madeira, coberta de telhas de todas as cores. Os Elfos se reúnem lá dentro, num salão imenso, coberto por um teto de ouro mais luminoso ainda do que o Sol. É lá que os Elfos guardam a Luz durante todo o ano. Assim, mesmo no auge das noites de inverno, o fogo ainda continua brilhando em Ginlê...
 - E os Elfos vivem sozinhos em Ginlê?
 - Não. O mundo deles não fica longe do Asgard e pertence a Freyr.
  O avô pronunciara esse nome com muito respeito, porque Freyr comandava a chuva, o sol e as plantas. Trazia as colheitas e a prosperidade para os homens. Uma última pergunta ainda queimava os lábios de Bjorn:
 - Como se chega a Ginlê?
 - É impossível... Para isso, seria necessário ir além do grande arco-íris, o Bifrost! Em toda a memória humana, até hoje, ninguém conseguiu jamais...

* Yggdrasil é uma árvore gigantesca, que na mitologia escandinava, forma o eixo do mundo:


Fonte: livro Terras de Mistério - Mitos e Lendas, de Gilles Ragache e Michael Welply
Editora Ática.

Historietas Assombradas para Crianças Malcriadas - Folclore Brasileiro

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  Eis aqui um curta metragem de animação sobre uma avó que conta histórias do folclore brasileiro para sua neta na hora de dormir. É muito fofo e ao mesmo tempo assustador!

 Criação, direção, roteiro e personagens por Victor-Hugo Borges.

Cadmo - Mitologia Grega

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  Em Tiro reinava Agenor, casado com a rainha Telefassa. Tinham dois filhos, Europa e Cadmo. Europa era uma bela mulher, e Zeus, o senhor do Olimpo, apaixonou-se por ela. O deus disfarçou-se de touro para atrair a atenção da moça, que o seguiu e acabou montando em suas costas. Então o deus-touro se atirou ao mar e nadou até a ilha de Creta, onde a amou. O irmão de Europa, Cadmo, foi encarregado pelo pai de sair em busca da irmã. A rainha quis acompanhá-lo, mas, por mais que ambos buscassem a princesa nos reinos conhecidos, nada de encontrá-la.
  A rainha, fatigada após tantas buscas, aconselhou o filho a consultar o Oráculo de Delfos. Lá as sacerdotisas consagradas a Apolo lhe disseram:
 - Vai até um campo em que verás uma vaca. Segue-a, e no local em que o animal parar, deverás construir uma cidade, que chamarás Tebas.
  Ao sair do Oráculo, tudo aconteceu conforme a resposta das pitonisas de Apolo. Cadmo viu uma vaca em meio a um campo, e pôs a segui-la, acompanhado por vários de seus conterrâneos. Atravessaram um canal e chegaram a uma larga planície, onde a vaca parou e se pôs a mugir para o céu. Cadmo então deu graças a Apolo e resolveu oferecer um sacrifício ao deus. Enviou seus acompanhantes em busca de água, porém, vendo que eles não retornavam após muitas horas, foi ver o que lhes acontecera. Encontrou apenas corpos sem vida, em meio a um bosque virgem próximo a uma caverna. Descobriu que os homens haviam tentado pegar água numa fonte ao lado, e foram atacados por um tremendo dragão que vivia na caverna. Isso não foi difícil de descobrir, pois, assim que o viu, o enorme monstro voltou e o atacou.
  Cadmo o enfrentou numa acirrada luta, mas era ágil no uso do dardo e da lança, e conseguiu derrotá-lo. Exausto, deitou-se para descansar, e em sonhos ou em meio a um sono confuso,ouviu uma voz, que julgou ser da deusa Atena, que lhe dizia:
 - Semeia a terra com os dentes do dragão.
  Mesmo considerando aquela ordem muito estranha, ele obedeceu. Abriu sulcos na terra e plantou os dentes que arrancou do dragão. No instante seguinte, de cada dente semeado apareceu, rompendo o solo, um homem armado de lança e escudo, até que se formou um exército. Cada homem que surgia, ao ver os outros, começava a combatê-los, até que a planície se encheu de corpos e sobraram apenas cinco sobreviventes. Estes se juntaram a Cadmo, Jurando-lhe lealdade. Começaram então a erguer juntos a cidade que iria chamar-se Tebas.
  Quando construiu sua casa, Cadmo foi surpreendido pela chegada de uma formosa mulher, que lhe disse ser filha de Afrodite e chamar-se Harmonia. Ela fora enviada pelos deuses para ser sua esposa, como compensação pelo rapto de sua irmã, Europa, que nunca mais voltaria a Tiro.
  Cadmo e Harmonia casaram-se e tiveram por filhos as belas Sêmele e Ino. Reinaram em Tebas por muito tempo. Dizem que ele foi um rei sábio e que ensinou a seu povo as letras do alfabeto, inventadas pelos fenícios. Tebas se tornou uma das mais importantes cidades da Antiguidade. Mas Cadmo e Harmonia não viveram lá até o fim de seus dias. Anos depois, desgostosos com a morte de seus netos Actéon e Penteu, eles se retiraram para outras plagas.
  Diz o mito que, no final da vida, Cadmo se transformou em serpente e Harmonia, desejando partilhar seu destino, pediu aos deuses que a transformassem também. Conta-se que eles foram viver nas matas, mas jamais feriram um ser humano.


Fonte: livro Volta ao Mundo em 80 Mitos, de Rosana Rios

As Quatrocentas Serpentes das Nuvens - Mitologia Mexicana - Povo Asteca

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Deusa Coatlicue e algumas de suas serpentes

  Primeiro havia a Deusa-Terra, Coatlicue. Ela foi a mãe da Lua, chamada Coatl, e teve quatrocentos filhos, chamados Centon Mimixcoa, as Serpentes das Nuvens. Estas eram as estrelas que viviam no céu do norte, e tinham sido encarregadas de cuidar de seus pais, e dar comida e bebida ao Sol. Somente depois de sua criação é que vieram os homens.
  Porém as quatrocentas estrelas não faziam o que deviam fazer, e deixaram de cumprir aquilo para o qual foram criadas. Certa vez, as Mimixcoas caçaram um jaguar e comeram toda a sua carne, não dando nem um pouco dela como alimento ao Sol. Depois, enfeitaram-se com plumas de pássaros e festejaram sem parar, tomando muito vinho até ficarem embriagadas. O Sol, então, ficou muito zangado e foi ter com Coatlicue, dizendo-lhe que devia castigar as Serpentes das Nuvens, pois não estavam se comportando como boas filhas.
  Eles resolveram ter mais filhos, para vingá-los. O mais famoso de seus filhos foi Mixcoatl, que saiu com seu arco e suas flechas e alvejou todas as quatrocentas Serpentes das Nuvens. Ele recebeu também o nome de Camaxtli, tornou-se o Senhor da Via Láctea, e também foi reverenciado como deus da caça e da guerra. Os astecas o veneravam, pois acreditavam que a guerra era o estado natural das coisas. Mas os problemas de Coatlicue, a Deusa-Terra, não havia terminado. Certo dia, quando estava na sagrada Montanha da Serpente, caiu sobre ela um amontoado de penas de aves, e imediatamente a deusa viu que estava grávida. Quando soube disso, sua filha Coyolxauqui, senhora das trevas noturnas, ficou muito revoltada e tramou matar a mãe. Pôs-se a reunir um exército para atacá-la. Mas Coatlicue deu à luz Huitzipochtli, o deus colibri, que imediatamente adquiriu a  altura de um homem e armou-se todo, brandindo um poderoso cetro em forma de serpente. Colocou-se em defesa da mãe e, com seu cetro, cortou a irmã em vários pedaços.

A deusa Coyolxauqui

  Huitzipochtli se tornou deus do Sol e das tempestades. Foi um grande chefe e liderou seu povo por muito tempo, até que construíram suas grandes cidades. Depois de sua morte, recebeu grandes honras de todo o povo asteca.

O deus Huitzipochtli, filho de Coatlicue

Fonte: livro Volta ao Mundo em 80 Mitos, de Rosana Rios

Quetzalcoatl - Mitologia Mexicana - Povo Asteca

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  Quetzalcoatl era um deus brilhante, e vivia em algum lugar do distante Oriente, mas resolveu viajar às terras do Ocidente para ajudar os povos que ali viviam. Na cidade de Tullán, ele governou, ensinando aos moradores todas as artes e ciências. Proibiu que se fizessem sacrifícios humanos aos deuses e, sob suas regras e leis, a cidade prosperou. Seus habitantes, felizes, viviam em harmonia. Ele plantou belas árvores, construiu enormes palácios e domesticou muitas aves das matas.
  Apenas uma pessoa não estava satisfeita com a bondade de Quetzalcoatl para com os humanos: seu irmão Tezcatlipoca, o senhor do céu noturno, que vivia na estrela Ursa Maior e via tudo que se passava no mundo através de seu espelho mágico. Com ciúmes da felicidade dos seres humanos, ele resolveu descer à Terra e acabar com aquele reino feliz. Usou o fio tecido por uma aranha para descer do céu. Chegando a Tullán, foi recebido com grandes honras e alegria por seu bondoso irmão. Porém ele só tinha pensamentos de ódio e, mal havia chegado, começou imediatamente a planejar como destruir Quetzalcoatl.
  A primeira maldade que praticou foi mostrar ao irmão a imagem que ele refletia no espelho mágico que trouxera do céu. Quando o deus se viu ali refletindo, foi tomado por todos os desejos humanos, dos quais estava livre quando vivia no Oriente; e achou-se indigno de mostrar o rosto diante de seu povo. Ele então chamou sua sombra, Xolotl, que tinha corpo de coiote, e pediu que lhe confeccionasse um disfarce.
  Xolotl tomou as plumas do pássaro Quetzal e teceu para ele um manto todo feito de plumas. Depois pintou para ele uma máscara de serpente. Vestido com aquele disfarce, Quetzalcoatl passou a chamar-se Serpente Emplumada. Porém Tezcatlipoca ainda iria fazer mais maldades. Serviu a seu irmão vinho numa taça, onde colocou uma poção mágica para enlouquece-lo. Sem desconfiar de nada, Quetzalcoatl tomou a bebida e sua mente se nublou, ficando totalmente embriagado. Começou a fazer muitas loucuras: arrancou árvores, espantou os pássaros, destruiu muitas das coisas que havia construído.
  A Terra, que antes era próspera, conheceu a desolação; e Tezcatlipoca se alegrou, pois apreciava a destruição e a tristeza. Foi a partir dessa época que ele, o senhor da escuridão, passou a causar problemas na Terra. Quando o efeito do vinho e da poção passou, Quetzalcoatl ficou horrorizado com o que havia acontecido e com as loucuras que praticara. Resolveu ir embora dali e seguiu para longe.
  Dizem que, quando ele partiu, caminhava apenas à noite pelos desertos, até chegar à cidade de Tlapallán, onde se refugiou. Lá ele viveu por muito tempo ainda, até resolver voltar para o Oriente distante, que era sua terra de origem.
  Quando quis partir de uma vez por todas, Quetzalcoatl mandou que seus servos colocassem numa grande arca todos os seus tesouros, e pôs ali também seu manto de plumas e sua máscara de serpente. Em seguida foi para a praia, e no lugar em que estava parado, em pé, foi feita uma grande fogueira, onde ele entrou e deixou-se queimar por muito tempo, até que só restaram cinzas. E delas  surgiram várias aves raras, que se alcançaram da fumaça da fogueira para o céu. E Quetzalcoatl, o deus Serpente Emplumada, juntamente com sua sombra, Xolotl, o Coiote, desceram à terra dos mortos. Mas das chamas da fogueira surgiu uma estrela muito brilhante, que subiu aos céus e está lá até hoje.
  É a Estrela-da-Manhã, que brilha no leste quando amanhece, e depois reaparece no fim da tarde, atravessando o céu e mostrando aos homens que os deuses estão guardando a humanidade. Dizem que essa estrela é o próprio Quetzalcoatl. Dizem também que no futuro ele voltará para acabar com as maldades de Tezcatlipoca e reinstalar na Terra seu reinado de paz e prosperidade.



Fonte: livro Volta ao Mundo em 80 Mitos, de Rosana Rios

O Sampo - uma das aventuras de Vainamöinen - Mitologia Finlandesa

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  Quando Vainamöinen se cansou de viver sozinho, desejou uma esposa. Achou que o melhor local para procurar por uma mulher seria nas terras mais ao norte. Para atravessar o mar ele voou nas asas de uma águia. Porém, os ventos o sacudiram tanto durante a travessia, que ele chegou do lado de lá cansado demais. Não conseguia fazer nada a não ser deitar-se no chão. Também chorava de saudades da sua terra.
  Morava naquelas bandas a velha Louhi, a mulher desdentada do norte, uma grande feiticeira; ela escutou seu choro e foi falar com ele.
 - Quer que eu o mande de volta para sua casa? O que você me dará se eu fizer isso?
  Vainamöinen ofereceu-lhe ouro e prata, mas ela não aceitou.
 - Eu só quero uma coisa - a bruxa lhe respondeu. - Que você trabalhe na forja e fabrique para mim o Sampo, o moinho da abundância. Eu lhe darei uma pena de ganso, o leite de uma vaca, um grão de cevada e a lã de uma ovelha para forjar o moinho. Se fizer isso, não apenas eu o levarei de volta para sua terra, mas ainda lhe darei minha filha em casamento.
  Vainamöinen sabia que não possuía conhecimentos suficientes para forjar o Sampo, mas conhecia alguém que seria capaz de fazê-lo: Ilmarinen, o ferreiro. Pediu, então, ao vento que o trouxesse para as terras do norte. O vento concordou e soprou para lá Ilmarinen, que imediatamente se pôs a trabalhar em sua forja. Com a pena de ganso, o leite da vaca, o grão de cevada e a lã de ovelha, ele usou o martelo e trabalhou até forjar o moinho mágico. Quando ficou pronto, o Sampo tinha três lados. Em um deles moía milho; em outro lado, moía sal; do terceiro lado saía ouro. Vainamöinen então entregou o Sampo a Louhi, que ficou satisfeitíssima. Ela trancou o Sampo com nove chaves para que ninguém o pegasse, e mandou que um navio feito de cobre levasse Vainamöinen e Ilmarinen de volta para casa. Contudo, recusou-se a entregar sua filha. Os dois amigos ficaram furiosos pelo fato de a feiticeira ter rompido o trato. Planejaram então roubar o Sampo, e foram pedir a ajuda de seu amigo Lemminkainen, que tinha muitos talentos.


  Voltando às terras da bruxa, Vainamöinen começou a tocar uma música muito suave em seu kantele para fazer Louhi dormir. Enquanto isso, Ilmarinen passou manteiga nas nove chaves para abrir as fechaduras. Lemminkainen puxou o Sampo, mas não conseguia pegá-lo, pois ele tinha criado raízes mágicas e estava preso à terra. Foi preciso que Lemminkainen pegasse emprestados um boi e um arado, para puxar e cortar as raízes do Sampo. Somente então conseguiu levá-lo embora.


 Os três companheiros embarcaram no navio e se puseram em fuga para sua terra. A caminho, Lemminkainen começou a cantar uma canção de vitória, e isso despertou Louhi. Furiosa com o roubo, a feiticeira ordenou que sua filha envolvesse o navio em névoa para que eles se perdessem. Vainamöinen, porém, usou sua espada brilhante para abrir caminho no meio da neblina. Louhi então convocou uma enorme baleia das profundezas do mar para afundar o navio; Vainamöinen recomeçou a cantar e o canto fez a baleia mergulhar novamente na água.


 Pensando em criar uma tempestade, Louhi convocou o Velho dos Céus. Ele a atendeu, e em pouco tempo o navio de Vainamöinen enfrentava a fúria das águas no mar enlouquecido.
  Louhi aproveitou as dificuldades de seus inimigos e levou um navio cheio de homens para derrotar os heróis. Mas Vainamöinen viu que ela se aproximava e atirou ao mar um pedaço de madeira. A madeira transformou-se num recife, e o navio de Louhi bateu nele e afundou.


  A feiticeira, porém, não desistia. Amarrou foices em seus pés para servirem de garras e amarrou pedaços de madeira do navio naufragado em seus braços para que se tornasse asas. Usando ainda o leme do navio como cauda, virou uma águia poderosa. Assim transformada, ela voou atrás de Vainamöinen e pousou no mastro de seu navio. Vendo que Louhi o havia alcançado de novo, Vainamöinen propôs:
 - Senhora do Norte, vamos dividir o Sampo entre nós!
 - Nunca! - ela recusou - O Sampo é meu!
  Então Vainamöinen tomou um remo e a atacou, tentando derrubá-la do mastro. Mas quando ele finalmente conseguiu e Louhi estava caindo no mar, a bruxa conseguiu agarrar o Sampo e arrastá-lo consigo. Com isso, o moinho da abundância quebrou-se em três pedaços. A parte que moía milho se despedaçou, assim como a que soltava ouro.
  Louhi conseguiu ficar com um dos pedaços, que se tornou a herança do norte gelado. Vainamöinen agarrou outros dois pedaços para enriquecer a terra da Finlândia. Mas o moinho de sal não se quebrou, e até hoje ele ainda está lá no fundo do mar, moendo sal, e fará isso até o final dos tempos. Essa é a razão por que o mar é salgado.


Fonte: livro Volta ao Mundo em 80 Mitos
Ilustrações por Nicolai Kochergin

Vainamöinen, o eterno cantor - Mitologia Finlandesa

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  Existiu, há muito tempo, uma moça feita do ar. Ela vivia nos céus, mas estava entediada e desejou descer para o mar. Quando ela pousou sobre o oceano, o vento aumentou e as ondas ficaram mais fortes. Então o vento e as ondas fizeram a moça-do-ar conceber uma criança em seu ventre. Passaram-se setecentos anos, e ela ainda ainda levava dentro de si o filho. Um dia surgiu por lá um pato, voando pelo céu e procurando lugar para fazer ninho. Ele pousou nos joelhos da moça-do-ar, que apareciam fora da água. Em seus joelhos construiu um ninho e pôs sete ovos: seis eram de ouro e um era de ferro. Os ovos chocaram, e a moça-do-ar sentiu que eles a estavam queimando feito fogo. Ela sacudiu os joelhos e os ovos caíram no mar, quebrando-se. Foi daqueles ovos que nasceram todas as coisas: a Terra, os céus, o Sol, a Lua e as nuvens.
  Passaram-se mais dez verões; a moça do ar fez surgirem as ilhas e os continentes; mas seu filho continuava sem nascer. Durante outros trinta verões, a criança, que era um menino, imaginava o que o aguardaria no mundo quando saísse do ventre de sua mãe. Seu nome, mesmo antes de nascer, era Vainamöinen. Afinal, ele pediu a ajuda do Sol e da Lua para ter mais forças, e conseguiu nascer. Após seu nascimento, sua mãe voltou a morar nos céus.
  Vainamöinen viveu no mar por oito anos, e somente depois disso alcançou a terra. Lá ele conheceu Pellervoinen, que era filho da terra árida. Pediu a ele que semeasse os campos com flores e árvores. Quando as árvores cresceram e começaram a formar as florestas, ele pegou seu machado e limpou o terreno, pois desejava semear a primeira plantação de cevada; mas deixou em pé uma árvore de bétula para que os pássaros tivessem onde descansar.


  Vainamöinen então pediu à Velha Subterrânea para que nutrisse as sementes, e ao Velho dos Céus para que as regasse. Assim as colheitas cresceram e Vainamöinen viveu naquelas terras férteis e se tornou conhecido como o Eterno Cantor, pois tocava muito bem o instrumento chamado kantele e cantava divinamente.
  Nunca houve outro cantor como ele!




Fonte: livro Volta ao Mundo em 80 Mitos, de Rosana Rios

Ganesha, o Deus de Cabeça de Elefante

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  Conta um mito da Índia que Parvati, a esposa de Shiva, ao sair do banho, foi enxugar o suor que lhe escorria, e recolheu-o na mão. Do suor de Parvati nasceu Ganesha, o deus vencedor dos obstáculos.
  Considerado filho de Shiva e Parvati, Ganesha, ainda bebê, foi apresentado aos deuses, que se reuniram para presenteá-lo com bons votos. Mas um deles não compareceu: Shani, o Deus do Sábado. Parvati exigiu sua presença e, assim que veio, Shani fitou Ganesha e fez com que a cabeça da criança queimasse e virasse cinzas. Vishnu, um dos três aspectos da divindade na mitologia Indiana, foi então em busca de uma outra cabeça para o filho de Parvati. Trouxe-lhe a cabeça de Airávata, o elefante que é a montaria de Indra. Foi colocada sobre os ombros do menino, e ele passou a ostentar a cabeça de um elefante.
  Teve um irmão chamado Skanda. Ambos eram muito diferentes, pois se Ganesha simboliza a força do espírito, Skanda representa a força da matéria. Shiva, certa vez, submeteu-os a uma prova para saber qual deles seria merecedor da primogenitura. Mandou que ambos dessem uma volta ao redor da Terra. Skanda saiu correndo imediatamente; porém Ganesha começou a andar em torno dos pais. Explicou que os Vedas dizem que aquele que honra os pais andando sete vezes ao seu redor é mais sábio que aquele que dá sete vezes a volta ao mundo. Shiva reconheceu, então, o valor do filho. Tornou-se o deus que ajuda seus fiéis a vencer os obstáculos e dificuldades. Mas é também guloso e adora doces e bolos. Seu animal de montaria é um rato.
  Conta-se que Ganesha estava cavalgando após uma refeição, quando o rato, sua montaria, assustou-se com uma serpente na estrada e derrubou seu senhor no chão. Ganesha caiu de mau jeito e sua barriga abriu-se, deixando escapar todos os doces que havia comido! Imediatamente o deus começou a recolher as guloseimas e as foi colocando de volta dentro da barriga. E ainda usou a serpente que causara a queda para fechar o ventre como se fosse um cinto! A cena era tão engraçada que a Lua e as estrelas começaram a rir dele. Ganesha ficou zangado com a zombaria, arrancou uma de suas presas de elefante da própria boca e a atirou no céu, tentando atingir a Lua e as constelações...
  É por isso que, nas representações desse deus, ele é mostrado com a cabeça de elefante, mas apenas com uma das presas.

Ganesha no colo de seu pai Shiva, e ao lado de sua mãe, Parvati


Fonte: livro Volta ao Mundo em 80 Mitos, de Rosana Rios

O Macaco Ancestral - Mitologia Tibetana

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  Há muito tempo, um macaco começou a escalar as altas montanhas nas terras do Himalaia. Ele tinha apenas a forma de macaco: na verdade era um discípulo de Buda que fora enviado ao país das neves para preparar a vinda dos primeiros seres humanos naquela região.
  Por vários dias o macaco subiu pelas escarpas, até que a vegetação desapareceu e o terreno pedregoso surgiu. Subiu mais, e viu a neve cobrir as pedras e o gelo brilhar. Com muito esforço, alcançou os picos mais altos: o teto do mundo. Ele sabia que, naquelas plagas, viviam apenas demônios malignos. Procurou uma caverna para se abrigar do vento gelado e, na entrada, sentou-se em posição de lótus, mantendo-se em meditação.
  Durante muito tempo, permaneceu ali, meditando, desligando-se de todo frio, fome ou medo. Até que começou a ser perturbado por ruídos estranhos e ventos fortes. Abriu os olhos e viu que diante dele havia uma horrenda e assustadora criatura. Era a demônia dos rochedos, que começou a pular ao redor do macaco, fazendo caretas e soltando guinchos horríveis.
  O maco ordenou-lhe que fosse embora, mas a demônia sumia e tornava a aparecer. Até que ela lhe disse:
 - Eu me apaixonei por você. Case-se comigo!
  O macaco não tinha a menor intenção de casar-se com uma demônia, mas ela ameaçou:
 - Se não me aceitar como esposa, terei de casar-me com um demônio. E nós teremos muitos filhos, que irão atormentar o mundo e devorar as criaturas lá embaixo!
  Apesar das recusas do macaco, durante sete dias a demônia voltou e , todas as vezes, propunha-se a casar com o macaco. Preocupado com as ameaças que ela fizera, resolveu consultar seu mestre, o Buda. E o conselho do mestre foi estranho...
 - Case-se com ela - foi a resposta do Iluminado.
  Mesmo sem entender por que, o macaco acatou a palavra do Buda e casou-se com a demônia. Do casamento nasceram seis filhos, que herdaram o corpo peludo do pai e os cabelos longos da mãe. Os seis possuíam o dom da fala, mas apenas o mais velho tinha bom coração: os outros eram cheios de inveja e estupidez.
  O macaco resolveu levá-los para uma região menos fria, e desceu a montanha com os filhos. Deixou-os na floresta onde viviam macacos reais. E tornou a subir a montanha, voltando a meditar em sua caverna. Meses depois, achou que deveria descer e verificar como estavam os seis filhos. Que surpresa! Havia agora mais quinhentos de sua raça vivendo na floresta. Alguns deles eram amáveis, mas muitos eram violentos e selvagens; estes provavelmente seriam os descendentes dos filhos estúpidos. Todos, porém, sentiam muito frio. Preocupado com a sobrevivência deles, o macaco foi mais uma vez consultar seu mestre, o Buda.
 - Se tiver paciência, verá que eles irão se transformando em seres humanos aos poucos, e se mudarão para terras mais quentes. Mas eu não quero ver o seu sofrimento, e vou ajudá-los.
  Então o Buda foi até o centro do mundo, onde fica a montanha sagrada. Lá, no coração da montanha, pegou três coisas: três fios de lã, um punhado de cevada e alguns pedaços de metais preciosos. Sobre o país das neves ele espalhou tudo aquilo, para determinar o destino dos descendentes do macaco e da demônia.
  Uma parte deles foi viver onde havia caído os fios de lã: esses se tornaram pastores. Os outros se dirigiram aos locais onde haviam caído os grãos de cevada, e se tornaram agricultores. Por fim, outros foram para as plagas em que caíram os pedaços de metais, e se tornaram ferreiros.
  E foi assim que os homens, descendentes daquele macaco, povoaram o teto do mundo, terra das neves eternas, e foram os ancestrais do povo tibetano.


Fonte: livro A Volta ao Mundo em 80 Mitos, de Rosana Rios

O Criador - Curta metragem

Author: Luiza / Marcadores: , , , ,


 Olá pessoal! Este aqui é um curta metragem em Stop Motion de aproximadamente 5 minutos e 30 segundos bem enigmático que leva quem o vê a refletir no que consiste a necessidade desse coelinho se reproduzir de maneira tão distinta. Independente de como for interpretada, é uma animação bem tocante, estilo Dark, e de uma aparência bem mística.

 Dirigido por: Christopher Kezelos
 Música: Winter, por Paul Halley