O padre sem cabeça - Folclore Peruano

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Há muito tempo, habitava na imaginação do povo do distrito de Tambo, na província de Islay, a história de um sacerdote que em vida era extremamente mesquinho, e que após sua morte, foi condenado a pagar por seus atos. Dizem que costumava aparecer à meia-noite, junto ao altar maior da capela, onde em vida havia sido capelão. Porém, sua aparição era sempre sem cabeça. 


  As pessoas que passavam em frente à capela à meia noite, sempre encontravam as luzes acesas, e por curiosidade, iam espiar para ver o que acontecia lá dentro àquela hora, e se horrorizavam ao ver a figura de um padre sem cabeça.


  Contam que um dia, depois das devidas cerimônias, os fiéis foram embora e fecharam as portas da capela; um jovem que estava adormecido, acabou sendo trancado dentro do recinto, e quando acordou, se espantou com a situação: trancado dentro da capela, com várias velas acesas. Começou a chamar por ajuda a gritos e golpes na porta, mas em vão, devido ao horário da noite.


  Levou um tremendo susto ao de repente ver uma figura à sua frente: um padre sem cabeça! Suas pernas fraquejaram, e quando estava quase a ponto de desmaiar, o padre lhe fez um sinal, chamando-o. E escutou uma voz, dizendo para se aproximar, que não temesse, que ele só queria rezar uma missa e que para isso precisava de alguém que o escutasse; e lhe rogava para que fosse seu ouvinte. 


  Emudecido de pavor, o jovem não teve escolha e se pôs de joelhos.O padre rezou a missa. Apagaram-se as luzes. E desapareceu para sempre esse fantasma que habitava a capela. O jovem saiu disparado até a porta, e ao perceber que permanecia trancada, caiu no chão e desmaiou. 



"El cura sín cabeza". Arte por Esther Barreto.



  Fonte:


  ARGUEDAS, José María; RÍOS, Francisco Izquierdo. Mitos, Leyendas y Cuentos Peruanos. Ministério de Educación Pública Peruana: Colección Escolar Peruana Vol. 4.,1947.

Mayoibune - Folclore Japonês

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Mayoibune são um tipo de Funayūrei da prefeitura de Fukuoka. Tipos parecidos de navios fantasma são encontrados por toda a costa do Japão, conhecidos como yūreibune (navio fantasma), mōjabune (navio dos mortos), e yoiyoibune (barco “Remar! Remar!”).


  O vento noroeste que acompanha os Mayoibune é chamado de tamakaze. O tamakaze normalmente só sopra pelo Mar do Japão no inverno. É perigoso para pescadores devido às fortes rajadas e à chuvarada que traz consigo. Também é dito que traz consigo a alma dos mortos. Essas almas perdidas vagam pelo mar, nunca podendo alcançar o reino dos mortos.


  No antigo calendário lunar japonês, a lua cheia cai em toda noite do 15º dia de cada mês - a noite mais iluminada, por isso a melhor para pescar e caçar. Porém, durante o feriado Obon, que é no dia 15, os mortos voltam do Além para visitar os vivos. Antigamente era proibido trabalhar no mar durante essa noite; era dito aos pescadores para que voltassem às suas casas após o cair da noite para ficarem com suas famílias. De acordo com a superstição, coisas ruins acontecem com aqueles que quebram esse tabu. Encontrar um Mayoibune é apenas um dos exemplos.


  Há muito tempo atrás, quatro jovens rapazes de Hatsu, Fukuoka, foram pescar na noite do 15º dia durante o Obon. Normalmente, os pescadores tiram este dia de folga, como feriado, mas os quatro jovens não davam importância à superstição. Eles tinham as águas só para eles, e pescaram uma boa quantidade de peixe cavala. Mas enquanto eles pescavam, cabeças decepadas começaram a aparecer flutuando pela superfície da água. As cabeças rolavam, batendo uma nas outras e rindo. Os pescadores ficaram aterrorizados. Puxaram suas redes e começaram a navegar de volta para casa. Foi quando perceberam que toda a sua pesca não era peixe cavala, e sim sandálias de palha! Os jovens voltaram para casa, mas não puderam esquecer o terror daquela noite. Um por um, eles foram enlouquecendo e morrendo.





  Fonte: 


  MAYOIBUNE. Yokai, 2022. Disponível em: <https://yokai.com/mayoibune/>. Acesso em 7 de maio de 2022.


  OBON. Japan Guide, 2022. Disponível em: <https://www.japan-guide.com/e/e2286.html>. Acesso em 7 de maio de 2022.