Quando criou Vritra, Tvashtri lhe deu imenso tamanho e a capacidade de reter as águas dos Sete Rios; sua cabeça tocava os céus. Indra se dispôs a enfrentá-lo, porém a força do demônio era imensa e, após uma terrível luta, Indra foi vencido e devorado. Os outros deuses ficaram apavorados com isso. Pensaram nas formas de recuperar seu rei, e tiveram a ideia de fazer o gigantesco ser bocejar. Quando Vritra abriu a enorme boca num bocejo, Indra conseguiu escapar das entranhas do monstro, e a luta recomeçou. Mas o Senhor dos Deuses sabia que não podia vencer Vritra, e preferiu fugir, profundamente humilhado. Os deuses lhe sugeriram procurar Vishnu, o deus dos dez avatares, para pedir ajuda, e assim ele fez. Vishnu, porém, aconselhou que ele fizesse as pazes com Vritra, pois ainda não havia no mundo uma arma que o vencesse. Prometeu, porém, que um dia poderia encarnar-se como uma arma poderosa o bastante para matar o demônio.
Indra concordou em reconciliar-se com Vritra; e o malvado gigante exigiu que ele jurasse não atacá-lo nem durante a noite nem durante o dia, com nenhuma arma feita de metal, pedra, madeira, e que não fosse seca nem molhada. Indra fez o juramento, mas em seu coração planejava uma forma de vingar-se do monstro. Certa tarde, ele estava passeando pela praia quando percebeu que naquele momento não era mais dia, porém ainda não era noite; e viu erguer-se no mar uma grande coluna de espuma, que não era seca nem molhada, nem feita de metal, madeira ou pedra. Tomou a coluna nas mãos e arremessou-a contra Vritra. A espuma, que era uma encarnação de Vishnu, cumpriu seu papel e matou o malvado.
Fonte: livro Volta ao Mundo em 80 Mitos, de Rosana Rios
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