Na tradição dos Inuítes da Groenlândia, o Tupilac é um monstro vingador criado por algum praticante de feitiçaria ou shamanismo usando vários objetos, partes de animais e até restos mortais de crianças. A vida é dada á criatura a partir de cânticos ritualísticos, que é geralmente levada ao mar para encontrar e destruir um inimigo específico.
O uso do Tupilac é muito ariscado, pois se for criado para atacar uma pessoa que tem poderes mágicos maiores do que aquele que o enviou, pode ser que essa pessoa o mande de volta para atacar seu próprio criador. Sendo assim, o criador só pode escapar de sua própria criatura confessando publicamente sobre o ritual no qual invocara o monstro.
A criação do Tupilac geralmente era iniciada á noite, em sigilo. O Shaman colocava o anorak (casaco de pele usado pelos Inuítes) com a parte das costas virada para frente, com o capuz cobrindo seu rosto, começava a ter contatos sexuais com os ossos usados para fazer o Tupilac, entodando cânticos durante todo o processo, que pode levar muitos dias.
As consequências mágicas de situações que encobrem os rituais, e o efeito neutralizante da confissão pública foi acreditada inclusive em outras áreas da vida dos Inuítes. Aqui estão alguns exemplos dos tópicos mais comuns sobre o assunto:
- Abortos ou infanticídios cometidos em sigilo podem dar origem a um monstro chamado anngiaq.
- Se alguém da comunidade Inuíte esconder a violação de algum tabu da aldeia, pode causar malefícios ás pessoas ao redor.
- Textos ou canções usados como encantos ou feitiços perigosos, necessidades, caças, e outras situações do dia a dia, geralmente eram mais bem sucedidas, se realizadas em segredo.
- Os Shamans em alguns grupos Esquimós chegaram á conclusão de que o efeito de violações aos tabus poderiam ser revertidos a partir da confissão pública, assim como também de alguns rituais públicos nos quais todos os homens da comunidade participavam comendo um pedaço do sacrifício.
Não se consegue encontrar vestígios dos materiais usados nos rituais e nem das réplicas dos monstros pelo fato de os rituais serem sempre feitos isoladamente e em segredo, mas como alguns visitantes europeus ficaram fascinados pela lenda nativa do Tupilac, queriam ver como um Tupilac se parecia, então os Inuítes começaram a esculpi-los em dentes de baleia.
Atualmente, várias esculturas de Tupilacs são feitas com grande variedade de silhuetas e tamanhos, podem ser feitas de narvais, presas de morsa, chifres de alce e dentes de baleia. São parte importante da arte dos Inuítes da Groenlândia e são muito valorizados e colecionados.
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