A Criação de Cuzco - Lenda Inca

Author: Luiza / Marcadores: , , , , , , , ,

 

  Ayar Manco e Mama Ocllo tinham suspirado de alívio, quando viram a varinha de ouro afundar na terra de Cuzco, como se fosse na água. A viagem os deixara exaustos e estavam bem contentes de, finalmente, chegarem a seu destino.
  Mas, depois de descansarem um pouco, começaram a trabalhar. Com os índios que os acompanharam, principiaram a construção dos edifícios da futura capital do mundo Inca.
  Infelizmente, tudo o que construíam também afundava. E soprava no lugar um vento violento, que destruía tudo por onde passava.
  Que fazer? Mesmo as maiores pedras, que traziam com tanto esforço, voavam como se fossem galhos de árvore.
  De repente, Ayar Manco teve uma ideia: preciso capturar o vento e prendê-lo no curral das lhamas. Graças a um hábil estratagema, acabou conseguindo fazer isso e finalmente os trabalhos puderam começar.
  Ayar Manco e sua irmã acabavam de terminar o templo, quando surgiu seu irmão Ayar Ucho, que vivia na planície:
 - Que foi que você veio fazer aqui? - perguntou Ayar Manco. - Não é você que detesta a montanha?
 - Detesto - confirmou Ayar Ucho -, mas não aguento mais ouvir esses gemidos lúgubres, dia e noite. Quem foi que você prendeu nesse curral?
 - O vento - respondeu Ayar Manco , nervoso. - Ele não estava deixando que construíssemos a cidade que nosso pai, o Sol, nos mandou fundar aqui. Fui obrigado a prendê-lo, para conseguir trabalhar.
 - Você não tem o direito de maltratar dessa maneira o meu amigo vento! - gritou  Ayar Ucho, enfurecido. - Vou lhe dar um dia para acabar de construir essa sua cidade. Descerei de volta para a planície, mas esta noite, quando o sol se deitar, subirei de novo para soltar o coitado.

Ayar Ucho

  Ayar Manco ficou sem fala. Jamais conseguiria construir em um único dia a cidade com que tanto sonhara! Era impossível. Desesperada, sua irmã não conseguia prender o choro. Mas de repente Ayar Manco teve uma ideia. Chamou o maior de seus criados, apra acompanhá-lo ao alto da montanha. Lá, esperaram pacientemente que o Sol passasse bem ao lado deles e o agarraram de surpresa.
  Bem que ele tentou escapar, mas não houve jeito. Teve que se conformar e ficar amarrado num imenso bloco de pedra.
  Como Ayar Manco tinha imobilizado o Sol provisoriamente, o dia não terminava e ele pôde acabar de construir a cidade.
  Quando terminou de colocar a última pedra, verificou todas as construções para ver se estavam bem sólidas e libertou o Sol e o vento. Este se fastou a toda velocidade, com medo de ser apanhado de novo. Mas, para proteger sua cidade, se acaso ele resolvesse voltar, Ayar Manco criou montnhas bem altas em volta dela.
  Depois, casou-se com sua irmã Mama Occlo para fundar a primeira dinastia Inca e tomou o nome de Manco Capac.

  Sobre a cidade de Cuzco, em Peru
   
  Cuzco era o centro político e religioso do antigo império Inca. Pelo número de casas, ruas e mercados, era igual a muitas grandes cidades medievais europeias, suas contemporâneas. Antes da conquista espanhola, os peruanos comparavam sua cidade a um puma; o animal sagrado que adoravam devido a sua força: a cidade em si era o corpo e a fortaleza de Sacsahuaman era a cabeça. Estava dividida em duas partes: a parte alta (Hanan Cuzco) e a baixa (Hurin Cuzco), aparentemente a mais antiga, onde Manco Capac se instalou com seus companheiros e construiu o templo do Sol.
  De cada lado de dois riachos, para leste e para oeste, foi construída mais tarde uma série de casas modestas, de tijolos secos ao sol.
  Em seu apogeu, a cidade devia ter cerca de duzentos mil habitantes. Mas nos dias de mercado ou de grandes festas religiosas, esse número era ainda muito maior, e excepcional para a época.
  Em 1533, quando o espanhol Pizarro e seus soldados tomaram Cuzco, a cidade foi vítima de um vandalismo difícil de se imaginar. Mais tarde, aventureiros em busca de tesouros arqueológicos prosseguiram essa obra de destruição.


Lhamas pastando em Machu Pichu, na cidade de Cuzco, no Peru

    Fonte:

    KÜSS, Danièle; TORTON, Jean. Os Incas - Mitos e Lendas. São Paulo: Editora Ática, 1997.

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